TROIA: ORIGENS — CAPÍTULO 13
Agosto 9, 2022TROIA: ORIGENS — CAPÍTULO 14
Agosto 24, 2022
CORAÇÃO PARTIDO | CAPÍTULO 01
novela criada e escrita por
MARCOS CASTELLI
escrita com a colaboração de
DOUGLAS VICENTE
01
EXT. FAZENDA FAMÍLIA MATARAZZO. MATO GROSSO DO SUL, 2000. NOITE
Inicia com José Lorenzo entrando na fazenda montado no cavalo… Ele desce rapidamente do cavalo e entra em casa.
02
INT. FAZENDA FAMÍLIA MATARAZZO. SALA. NOITE
José Lorenzo entra desesperado na casa. Ele vai até um armário antigo de madeira e revira todas as coisas que estão dentro. Odete corre para sala.
ODETE – O que foi, homem? Por que está tão desesperado?
JOSÉ LORENZO – Estamos perdidos, mulher, estamos perdidos!
ODETE – Como assim?
JOSÉ LORENZO – Lembra do justiceiro pra quem eu pedi um empréstimo?
ODETE – O que tem ele?
JOSÉ LORENZO – Ele pediu o dinheiro antes do prazo, e agora não sei onde está a merda daquela quantia que eu guardei durante todo esse mês.
ODETE – Mas temos somente a metade do dinheiro.
JOSÉ LORENZO – Não interessa! Temos que dar essa merda de dinheiro pra ele… (coça a cabeça). Maldita foi a hora que peguei esse dinheiro com ele.
ODETE – E agora, o que vamos fazer?
JOSÉ LORENZO – Se quisermos sobreviver, vamos ter que achar esse dinheiro e entregar pra ele. É isso ou eles matam todos nós.
ODETE – Não… (senta na cadeira) Não posso deixar que matem o nosso filho.
JOSÉ LORENZO – Então vamos ter que fugir daqui ainda hoje, na madrugada de preferência.
Odete sai correndo da sala. José Lorenzo tenso.
03
INT. FAZENDA FAMÍLIA MATARAZZO. QUARTO JOAQUIM. NOITE
Joaquim sentado na cama, lendo um livro… Odete entra no quarto, desesperada.
JOAQUIM – Que isso, mãe?
ODETE – Pegue uma mochila e arrume todas as suas coisas.
JOAQUIM – Por que?
ODETE – Só faça o que estou mandando.
Odete se retira do quarto. Joaquim levanta da cama, deixando seu livro na cama. Ele pega sua mochila e começa guardar suas roupas.
04
INT. FAZENDA FAMÍLIA MATARAZZO. SALA. NOITE
José Lorenzo pegando sua arma dentro do armário. Odete aparece na sala.
ODETE – Olha só no que você nos meteu. Eu ainda mandei você esperar mais um pouco, que seus pais estariam mandando uma boa quantia para quitarmos todas as dívidas.
JOSÉ LORENZO – Mas não poderíamos esperar por muito tempo. Essa fazenda estava correndo risco de ir para venda.
ODETE (nervosa) – E agora tá acontecendo uma coisa bem pior.
José Lorenzo faz sinal de silêncio para Odete. Eles ouvem pegadas de cavalos…
ODETE – São eles…
JOSÉ LORENZO – Não entra em desespero. Pega o nosso filho, e fuja com ele pelos fundos.
ODETE – Mas e você?
JOSÉ LORENZO – Eu vou ficar bem. Só faça o que estou mandando.
Odete olha entristecida para José Lorenzo. Odete corre para o quarto.
05
INT. FAZENDA FAMÍLIA MATARAZZO. QUARTO JOAQUIM. NOITE
Odete entra no quarto e tranca a porta. Joaquim se assusta.
ODETE – Se apresse, meu filho, temos que sair daqui o mais rápido que podermos.
JOAQUIM – E o papai.
Odete segura o choro.
ODETE – Ele vai ficar bem, meu querido.
Joaquim veste um casaco antigo de lã e põe sua mochila nas costas… Odete abre a janela e eles saem… Odete cai no chão e geme de dor. Seu joelho sangra.
JOAQUIM – Seja forte, mãe. Não podemos morrer.
Com muitas dificuldades, ela levanta do chão e eles voltam a correr…
06
EXT. FAZENDA FAMÍLIA MATARAZZO. PORTA. NOITE
Os justiceiros parados em frente à casa, todos montados em cavalos… José Lorenzo sai para fora.
JUSTICEIRO¹ – O prazo do pagamento acabou hoje. Não disse que eu queria o dinheiro ainda hoje?
JOSÉ LORENZO – Infelizmente não achei o dinheiro. Eu lhe imploro (se ajoelha), me dê mais uns dias pra eu poder juntar todo o dinheiro novamente.
JUSTICEIRO¹ – Nem mais um dia, seu maldito! Eu quero receber o dinheiro ainda hoje, mas como que não tem, terá que pagar com a sua vida. Eu vou acabar com a tua raça, seu pilantra.
O justiceiro ergue a arma, aponta para José Lorenzo. Nesse momento, José Lorenzo tira a arma da cintura. Um dos justiceiros é mais rápido e acerta dois tiros no peito de José Lorenzo, que cai morto no chão. O justiceiro² desce do cavalo e entra na casa… Ele sai da casa.
JUSTICEIRO² – A mãe e o menino fingiram pelos fundos.
JUSTICEIRO¹ – Que merda! Vamos atrás deles.
Os justiceiros saem atrás de Joaquim e Odete…
07
EXT. PICADA DA MATA. NOITE
Joaquim e Odete correndo… Odete tropeça no galho e cai no meio do mato. Joaquim para, volta para trás e vai até sua mãe.
JOAQUIM – Mãe…
ODETE – Eu não vou conseguir seguir o caminho, meu filho… (geme de dor). Você é jovem, tem muita disposição pra fazer todo o percurso sozinho. Foge, foge enquanto é tempo.
JOAQUIM (chorando) – Eu não vou deixar a senhora pra trás, eu não posso fazer isso.
ODETE – É claro que pode. Se eu for com você, corre o risco deles nos encontrar e tirar as nossas vidas. Não quero que nada de ruim aconteça com você. Joaquim, você tem que ser forte, tem que ter força pra lutar pela sua vida.
JOAQUIM – Mas, mãe…
Odete tira seu colar de coração do pescoço, beija e entrega para Joaquim… Joaquim chora e abraça sua mãe.
ODETE (chorando) – Eu sempre estarei te amando, não importa de onde eu esteja, sempre estarei te protegendo. Enxuga essas lágrimas e siga em frente.
JOAQUIM (chorando) – Eu não quero ir, mãe. Eu não quero te deixar.
ODETE – Você foi a melhor coisa que Deus poderia ter me dado. Eu dou a minha vida pela sua.
Odete abraça Joaquim.
ODETE – Me promete que vai ser um homem forte e muito feliz?
JOAQUIM (chorando) – Prometo!
ODETE – Vai para a rodoviária e peça ajuda para minha amiga que trabalha lá. Tenho certeza que ela vai te ajudar.
JOAQUIM (soluçando) – Tá bom.
Joaquim olha nos olhos de sua mãe.
ODETE – Eu te amo!
Joaquim abraça sua mãe pela última vez e sai correndo… Nesse momento, os justiceiros surgem.
JUSTICEIRO¹ – Olha só quem está aqui.
ODETE – Não faça nada comigo.
JUSTICEIRO¹ – Reza pela sua alma.
O justiceiro¹ atira contra Odete. CORTA:
Joaquim correndo pela mata… Ele ouve o barulho do disparo e paralisa. Uma lágrima cai de seu olho.
JOAQUIM – Mãe…
Joaquim volta a correr, mas bate com a cabeça em um tronco e cai no chão. Ele fica por alguns segundos jogado no chão, mas se levanta e volta a correr… Joaquim ouve a voz dos justiceiros e se esconde atrás da árvore.
JUSTICEIRO² – Daqui eu sinto o cheiro do perfume doce dele.
JUSTICEIRO¹ – Essa peste não deve ter ido muito longe. Vamos logo achar esse menino e sumir de uma vez por todas com ele.
Os justiceiros seguem outro caminho. Joaquim respira aliviado. De repente, uma mão tapa a boca dele. Joaquim arregala os olhos.
MANOEL – Fique em silêncio.
Manoel tira sua mão da boca de Joaquim.
JOAQUIM – Manoel?
Joaquim desmaia nos braços de Manoel.
(AMANHECER DA MATA…)
08
INT. TAPERA MANOEL. QUARTO. DIA
Joaquim deitado na cama, com os olhos fechados… Manoel entra no quarto, segurando uma caneca na mão. Joaquim acorda assustado e senta na cama. Manoel se aproxima e entrega a caneca com leite para ele.
JOAQUIM – Não dá pra acreditar que toda essa tragédia em uma noite só. Perdi meus pais, perdi minha vida, perdi tudo que eu tinha… (chora). Tudo isso por causa desses justiceiros.
MANOEL – O mais importante é que você está vivo e precisa ir embora daqui o mais rápido possível.
JOAQUIM – Sim, eu sei.
MANOEL – Você sabe que eu tenho muita simpatia pelo senhorzinho. Trabalhei muitos anos na fazenda dos seus pais. Só que aqui você também está correndo risco de vida. Eles podem bater aqui na minha porta a qualquer momento.
JOAQUIM – Não se preocupe, Manoel. Só quero que você enterre os corpos dos meus pais, só isso que lhe peço. Eles precisam ter um enterro digno.
MANOEL – Com isso o senhorzinho não precisa se preocupar. Agora eu vou te levar até a rodoviária e, quando chegar lá, estarei te ajudando com uma boa quantia pra você seguir o seu destino.
JOAQUIM – Fico muito agradecido.
09
EXT. RODOVIÁRIA. DIA
Manoel entrega a passagem para Joaquim.
MANOEL – Sua passagem.
Manoel tira do bolso uma maço de dinheiro, divide em duas partes e entrega para Joaquim.
JOAQUIM – Eu não posso aceitar.
MANOEL – Aceite! Você pode precisar pra alguma coisa.
JOAQUIM – Mas, e você?
MANOEL – Eu sei me virar muito bem, e você está precisando muito mais que eu.
JOAQUIM – Nunca me esquecerei do que você está fazendo por mim. Se precisar de mim futuramente, sabe onde me encontrar.
Joaquim e Manoel se abraçam… Joaquim entra no ônibus, senta na poltrona e se despede de Manoel. A porta do ônibus se fecha e parte…
10
EXT. MANSÃO PREFEITO. FRENTE. JARDIM DO VALE, SÃO PAULO, DIA
Melissa parada na calçada da mansão… Ela está impaciente olhando seu relógio de pulso.
MELISSA – Onde é que esse menino se meteu? Parece que ele gosta de me ver nervosa.
CORTA: Lucas pegando um buquê de rosas na bancada e pegando a florista… Ela sai andando em direção a mansão. Melissa, ainda impaciente, vê seu namorado e abre um sorriso. Lucas atravessa a rua e vai até sua namorada.
MELISSA – Por que demorou tanto? Sabe que não posso ficar muito tempo exposta ao sol.
LUCAS – Não seja tão dramática. Só demorei… (olha o relógio) dois minutinhos.
Melissa revira os olhos e fecha a cara…
LUCAS – Olha só o que eu trouxe pra você. Eu sei que são suas rosas preferidas.
Melissa pega o buquê de rosas, abre um sorriso alegre e amassa as rosas com as mãos. Lucas fica surpreso.
LUCAS – Que isso, Melissa? Quanta delicadeza da sua parte.
MELISSA – Isso é pra você aprender a não me fazer te esperar por tanto tempo. Onde se viu, uma dama como eu ficar esperando por um rapaz na porta de casa. Daqui a pouco fico falada na cidade.
LUCAS – Você me dar nos nervos, sabia?
MELISSA – Quieto. Perdeu uma ótima oportunidade de cheirar o meu cangote e passar essas mãos grossas nas minhas pernas…
Lucas se aproxima de Melissa. Melissa pisa no pé de Lucas. Lucas grita.
LUCAS – Ai… Tá ficando maluca?
MELISSA – Vamos logo para escola. Não quero chegar atrasada no primeiro dia de aula.
Melissa sai andando… Lucas respira fundo e segue atrás dela.
11
EXT. ESCOLA JARDIM DO VALE. PÁTIO. DIA
Estela e Júlio aos beijos atrás da árvore. Estela afasta Júlio.
JÚLIO – Que foi? Não tá gostando do meu beijo?
ESTELA – Não é isso… É melhor não se beijarmos aqui na escola. Tenho medo de ficar falada na cidade.
JÚLIO – Isso nunca vai acontecer, meu bem. Se esqueceu que pedirei permissão para namorar com você?
ESTELA – Então por que demora tanto? Não vejo a hora se se tornar sua namorada.
JÚLIO – Tem muitas coisas que impedem que eu te peça em namoro.
Estela se entristece…
JÚLIO – Mas não fique triste com minha pessoa. Só estou esperando o momento certo para fazer isso.
Júlio levanta o rosto de Estela.
JÚLIO — Em breve estaremos juntos, andando de mãos dadas pela cidade e todo mundo morrendo de inveja por você estar namorando o filho do prefeito.
ESTELA – Me promete que não vai demorar?
JÚLIO – É claro que prometo.
Estela e Júlio se beijam…
12
INT. ÔNIBUS. ESTRADA. DIA
Joaquim com a cabeça encostada no vidro, ainda muito entristecido com a tragédia.
JOAQUIM – Minha ficha ainda não caiu. É impossível de acreditar que perdi meus pais… (se emociona). Minha mãezinha… Minha mãezinha amada… (tira do bolso o colar de coração de sua mãe). Eu nunca vou esquecer o que a senhora fez pra salvar a minha vida. A senhora era uma mulher incrível, e tenho certeza que de onde a senhora estiver, a senhora está olhando por mim.
Joaquim beija o colar.
JOAQUIM – Terei que recomeçar tudo do zero. Eu sei que vai ser difícil, mas sei que o senhor está comigo.
Joaquim pega no seu pingente de crucifixo e fecha os olhos.
JOAQUIM (voz) – O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Deita-me em verdes pastos e guia-me em águas tranquilas. Conforte a minha alma senhor, guia-me pelas veredas da justiça, ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo.
13
EXT. RODOVIÁRIA DE SÃO PAULO. DIA
Joaquim desce do ônibus. Ele anda para o meio da rodoviária e fica completamente perdido. Olha para o lado e para o outro.
JOAQUIM – O que eu faço agora, meu Deus?
Joaquim se aproxima do motorista.
JOAQUIM – Senhor, como que eu faço pra conseguir chegar até Jardim do Vale?
MOTORISTA – É só sair por aquela porta e pegar um táxi.
JOAQUIM – Muito obrigado!
Joaquim sai andando…
14
EXT. RODOVIÁRIA. SAÍDA. DIA
Joaquim saindo da rodoviária e indo até um táxi próximo.
JOAQUIM – Bom dia! Gostaria de ir para a cidade Jardim do Vale.
TAXISTA – Bairro nobre ou pobre?
JOAQUIM – Bairro nobre.
TAXISTA – Certo.
O taxista abre a porta de trás para Joaquim.
JOAQUIM – Obrigado!
Joaquim entra no táxi e fica pensativo.
15
INT. ESCOLA JARDIM DO VALE. SALA DE AULA. DIA
Gael e Estela conversando.
GAEL – Mais uma vez você caindo na conversa desse pilantra.
ESTELA – Não fala assim dele, Gael. Ele me prometeu que pedirá permissão aos meus pais para namorar comigo.
GAEL – E você ainda acredita nele? Quantas vezes ele já disse isso pra você, Estela? Não é de hoje que ela fala e não cumpre com a palavra dele.
ESTELA – Não entendo os motivos que te fazem desconfiar do meu namorado. O Júlio é um ótimo rapaz, além de tudo, ele é o filho do prefeito.
GAEL – Ele pode ser o filho do presidente do Brasil, mas isso não vai mudar o fato dele ser um salafráio. Ele é igual aos todos os homens dessa cidade, que não valem nada. E quando acontecer o que já estou prevendo, eu só vou te dizer uma coisa: Eu avisei.
Gael se retira da sala… Júlio, Lucas e Melissa entram na sala.
MELISSA – Não quero conversar com você, Lucas.
LUCAS – O que você quer pra me perdoar?
Melissa fica pensativa.
MELISSA – Um anel de brilhante, talvez?
LUCAS – Mais um anel de brilhante? Mas você tem uma coleção deles.
MELISSA – Toda dama, como eu, merece um anel de brilhante.
LUCAS – Desse jeito vai acabar falindo a minha família.
MELISSA – Não seja um mão de vaca. Eu sei muito bem que sua família tem muito dinheiro.
LUCAS – Eu mereço…
16
EXT. RUA. JARDIM DO VALE. DIA
Joaquim dentro do táxi, admirado com a beleza da cidade…
JOAQUIM – Pode me deixar aqui mesmo. Eu vou caminhando até o meu destino.
TAXISTA – Como quiser.
O taxista para com o carro próximo a praça. Joaquim desce do táxi.
JOAQUIM – Que cidade bonita.
Joaquim caminha até chegar na casa de seus avós.
JOAQUIM – Será que é aqui mesmo?
Joaquim aperta a campainha. Josefina abre a porta e fica surpreendida quando vê seu neto.
JOSEFINA – Joaquim?
Josefina sai para fora, abre o portão de grades e abraça Joaquim.
JOSEFINA – O que faz aqui? Onde estão os seus pais?
Joaquim entristece.
JOSEFINA (preocupada) – O que aconteceu com eles, Joaquim?
JOAQUIM – Eles foram mortos pelos justiceiros.
JOSEFINA – Meu Deus do céu.
17
INT. CASA JOSEFINA E LUIS CARLOS. SALA. DIA
Joaquim sentado no sofá. Josefina entra na sala e entrega um copo de água para Joaquim.
JOSEFINA – Como que essa tragédia foi acontecer?
JOAQUIM – Eles estavam cheios de dívidas, não tinham mais como manter a fazenda como antes. Para quitar todas as dívidas, eles pediram um empréstimo para o justiceiro da região e ele deu um prazo de dois meses para o empréstimo ser pago. Só que ele queria o dinheiro antes do prazo… (se emociona) só que meus pais não tinham todo esse dinheiro. Então, minha mãe e eu fugimos pela janela. Só que ela não conseguiu chegar até o destino e também foi morta por eles. Se não fosse o capataz que trabalhava na fazenda, talvez eles teriam me matado.
JOSEFINA – Não tenho palavras para dizer o quanto estou destruída por dentro. Meu filho morreu da pior maneira, mas morreu como um homem honrado. E sua mãe… Entregou a vida dela pela sua. Imagino como sua cabeça está atordoada com tudo isso.
JOAQUIM – Foi Deus quem me manteve forte durante esses dias enquanto estava vindo pra São Paulo. Por mim, eu teria morrido junto com minha mãe.
JOSEFINA – Não fala isso nem brincando. Sua mãe sabia o que estava fazendo. Se ela quis assim, assim que deve ser.
Josefina segura nas mãos de Joaquim.
JOSEFINA – Eu sei que vai ser muito difícil pra você, mas tem que ser forte e seguir em frente. Foi muito bom você ter nos procurado. Aqui você estará seguro, longe dos perigos dessas pessoas.
JOAQUIM – E onde está o meu avô?
JOSEFINA – Ele deu uma saidinha, mas daqui a pouco está de volta. Não quer tomar um banho, trocar de roupa e descansar um pouquinho?
JOAQUIM – Estou necessitando.
Josefina ri e abraça Joaquim.
18
INT. MANSÃO PREFEITO. SALA. DIA
Rafael descendo para sala. Ele senta no sofá e retira uma caixa de chocolates das almofadas.
RAFAEL – Finalmente vou poder comer um docinho sem ninguém interferir.
Rafael abre a caixa de chocolates. Ele morde o chocolate, saboreando o sabor…
RAFAEL – Que saudades que eu estava de comer um doce.
Valéria desce a escada, em silêncio. Ela se aproxima de Rafael e grita:
VALÉRIA – Rafael!
Rafael se assusta e se engasga com os chocolates na boca. Ele faz sinal de sufoco para Valéria. Valéria dá uns tapas nas costas dele.
RAFAEL – Você quase me matou.
VALÉRIA – Quem vai acabar te matando são esses doces que você come escondido. Já disse que o médico te proibiu de comer doces. Não se esqueça que ainda é diabético.
RAFAEL – Isso não é da sua conta. Se eu morrer, que seja comendo algo que eu gosto.
VALÉRIA – Ah, então você prefere morrer? Que bom saber disso, senhor Rafael.
RAFAEL – Falei por impulso.
VALÉRIA – Você tem que cuidar da sua saúde. Não quero que morra antes que de ser o presidente do Brasil.
RAFAEL – Onde é que a senhorita vai toda bacana desse jeito?
VALÉRIA – Tenho uma reunião com as minha amigas, que aliás, já estou atrasada. E não vai pensando que vou deixar essa caixa de chocolates aqui com você.
Valéria pega a caixa de chocolates.
RAFAEL – O que vai fazer com eles?
VALÉRIA – Jogar no lixo.
RAFAEL (desesperado) – Pelo amor que você tem por mim, não faça isso.
VALÉRIA – Tchau, tchau.
Valéria se retira da mansão.
RAFAEL – Que desgraça.
FIM DO CAPÍTULO…